quinta-feira, agosto 12, 2004

Deitada sobre a cama onde um monte de folhas espalhadas repousava em desordem, Patrícia olhou em volta.
Estava no seu quarto e tudo estava igual à tarde do dia anterior.
Pegou numa folha ao acaso.
- Cavalaria Ligeira! - Leu ela em voz alta.
Distraidamente, sentou-se e começou a arrumar as partituras, sem se recordar porque é que as tinha voltado a espalhar.
Lá fora ouviu-se o ronronar do motor de um carro seguido de uma buzinadela que ecoou no largo.
Só então Patrícia se apercebeu que tinha a farda da Banda vestida.
Uma nova buzinadela, agora mais insistente, fê-la correr escada abaixo com a pasta e o clarinete na mão...
A porta tinha-a levado para a tarde do dia anterior, ou será que tudo não tinha passado de um sonho?
Não havia tempo para pensar nisso, lá fora a buzina da 4L do André que a havia de levar à procissão soava com tanta força que até as paredes da capela pareciam tremer...

terça-feira, julho 06, 2004

Quando Patrícia abriu os olhos, que fechara por causa da luz, estava numa sala redonda com muitas portas fechadas a toda a volta. A seu lado o Guarda sorria.
- Que lugar é este? - Perguntou ela, confusa.
- Esta sala é onde vais escolher o teu caminho. A porta que abrires é aquela por onde terás de sair. Nenhum caminho é certo ou errado, nalguns serás feliz, noutros sofrerás. Nalguns estarei à tua espera, noutros ver-me-às ao longe sem que eu possa ajudar-te.
- Como vou saber qual o melhor?
- Se reparares, as portas não têm puxador, a decisão é tomada no teu coração e a porta certa abrir-se-à. Uma vez aberta não pode ser fechada e não podes voltar atrás, pois esta sala desaparecerá para sempre. No entanto, podes encontrar outras salas como esta no teu caminho. Boa sorte!
E, sorrindo sempre, o Guarda desapareceu como se se tivesse esfumado no ar.
Patrícia fechou os olhos e algum tempo depois, talvez segundos, talvez dias, uma porta abriu-se...

segunda-feira, fevereiro 16, 2004

- Dá-me a tua mão. - Disse o Guarda com um sorriso, enquanto estendia a sua mão direita. - Vou mostrar-te um mundo para além da imaginação.
Relutantemente ela estendeu-lhe a mão, mas quando o Guarda começou a avançar ela libertou-a com medo do desconhecido.
- De que tens medo? - Perguntou ele. - Vem comigo.
- Não tenho medo, não sei bem o que tenho. - Disse ela baixinho.
- Confia em mim. - Disse ele sorrindo novamente.
- Vou tentar...
Com um suspiro, Patrícia deu-lhe finalmente a mão e começaram a caminhar através do arco de luz que o Guarda abriu com a sua espada.